sexta-feira, 1 de julho de 2011

POR MIM MEU FILHO VOLTARIA DO TERCEIRO ANO PARA A ALFABETIZAÇÃO. OS ALUNOS NÃO ERAM ESTIMULADOS A ESTUDAR, MAS A SEREM BURROS.


JORNAL EXTRA Publicada em 01/04/2009 às 22:49

POR MIM MEU FILHO VOLTARIA DO TERCEIRO ANO PARA A ALFABETIZAÇÃO. OS ALUNOS NÃO ERAM ESTIMULADOS A ESTUDAR, MAS A SEREM BURROS.
RIO - "Por mim, meu filho voltaria do 3º ano para a alfabetização". O desabafo é da dona de casa Lílian Biata Neris, de 33 anos. 286 mil estudantes terão aulas reforço de português e matemática - 62% dos alunos que fizeram a avaliação. Para os responsáveis, algumas até teriam que ser reprovadas.


MEU FILHO NÃO SABE MATEMÁTICA E PORTUGUÊS.NÃO ESCREVE DIREITO. NÃO SEI MAIS O QUE FAZER. ELE NÃO SE INTERESSA PELOS ESTUDOS. A SITUAÇÃO DO ENSINO É PRECÁRIA.
- Meu filho não sabe matemática nem português. Não escreve direito. Não sei mais o que fazer. Ele não se interessa pelos estudos. Já até o levei ao psicólogo - diz Lílian, sobre Geovane Neris de Sá, de 8 anos, aluno do 3º ano da Escola Municipal .

O SISTEMA DA REDE É PRECÁRIO
Pai de uma estudante matriculada na Escola Municipal Monte Castelo, em Coelho Neto, José Roberto Lima, de 44 anos culpa o sistema da rede pela situação precária do ensino.

- Os alunos não eram estimulados a estudar, mas a serem burros.

ORIENTADORES PEDAGÓGICOS VÃO APRENDER NOVO MÉTODO DE EDUCAÇÃO PARA LIDAR COM TRAUMAS CAUSADOS PELA VIOLÊNCIA

Curso contra traumas
Para melhorar os índices de analfabetismo escolar, a Secretaria municipal de Educação vai adotar uma nova metodologia de ensino nas 150 Escolas localizadas em áreas de risco. O método Uerê-Mello será passado aos 150 orientadores pedagógicos que vão aprender novas formas de lidar com os traumas causados pela violência.

ESCOLA PRECISA DE MÉTODO NOVO QUE TRABALHE COM ALUNOS TRAUMATIZADOS PELO SISTEMA E PELA VIOLÊNCIA .

EM VEZ DE 40 MINUTOS DE CUSPE E GIZ SERÃO TRABALHADOS 10 MINUTOS DE ORALIDADE. E 10 MINUTOS NO LIVRO. ALTERNADAMENTE . MÉTODO INTERESSANTE DE ENSINO ACABA COM AS GRANDES QUANTIDADES DE BRIGAS ENTRE ALUNOS NA ESCOLA.

- O Uerê-Mello trabalha com um novo tipo de abordagem desses alunos com bloqueios cognitivos. Em maio, 150 orientadores pedagógicos das Escolas do Amanhã vão participar do curso. Os demais professores deverão receber capacitação a distância pelo Senac. No futuro, poderemos levar esse projeto para as outras escolas - afirmou.

A responsável pelo método é a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello, que atende crianças que vivem sob risco social no Complexo da Maré:
- O professor aprenderá a identificar os problemas de aprendizagem. Em vez de dar conteúdo em 40 minutos, são trabalhados 10 minutos de exercícios orais e outros 10, no livro. Quando você tem um trauma, perde a memória e precisa trabalhá-la.

Na 1ª CRE, região com o segundo maior índice de analfabetos funcionais - 15,90% -, as brigas entre alunos são motivo de reclamação de mães da Escola Municipal Celestino da Silva, na Lapa.

ELE COME LETRA E ESCREVE ERRADO , APESAR DE ESTAR NO QUINTO ANO.

MAE DIZ QUE REPROVARIA O FILHO A CRIANÇA VAI PASSANDO DE ANO SEM SABER.
POR ISSO ELA NÃO SE INTERESSA DE APRENDER E ESTUDAR.

A dona de casa Andrea Araújo, de 37 anos. 'Ele come as letras e escreve errado'
Apesar de estar no 5º ano, Matheus Luiz Andrade dos Santos, de 10 anos, lê e escreve com dificuldades, além de se atrapalhar com contas e tabuada. O menino é um dos alunos que precisarão - Ele come as letras e escreve errado. Tento ajudá-lo em casa, mas acredito que ele possa ser reprovado este ano. Eu o reprovaria - afirmou Ana Paula de Andrade, de 37 anos, mãe de Matheus.

Ela não é a única mãe a considerar que seu filho precisa de reforço e está sem condições de avançar de série. Para quem vê como é o desempenho dos filhos em casa, as crianças, em geral, sofrem as consequências do sistema .

- A criança vai passando de ano sem saber. Por isso, ela não se interessa em aprender e em estudar - critica a dona de casa Benise Silva de Melo, de 56 anos.

PARA PROFESSOR O PROBLEMA MAIOR É A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.
CRIANÇAS POBRES SÃO AS MAIORES VÍTIMAS DO SISTEMA EDUCACIONAL.
Para um professor de uma escola da Zona Oeste, o problema maior dos alunos é a interpretação de textos:
- Apesar de estudarem textos em sala, eles têm dificuldade em interpretar. A criança não consegue aprender bem.


UM ESNINO DIFERENCIADO VIRA MODELO.

Um projeto que começou no Conjunto de Favelas da Maré vai servir de modelo para melhorar o rendimento dos alunos de escolas municipais em áreas de violência.

PSICÓLOGOS NA ESCOLA. ALUNOS PASSAM O DIA NA ESCOLA PRATICANDO ESPORTE, DANÇA, MÚSICA, EXPRESSÃO CORPORAL, DEBATES, VÊEM DVDS, FILMES, OUVEM MÚSICA, RESPIRAM A CULTURA.
ALUNOS ÁPRENDERAM 4 LÍNGUAS.
MENINA ERA REBELDE HOJE É ESTAGIÁRIA DE HOTEM EM COPACABANA.
A ESCOLA VIROU A CASA DA ALUNA.

Em uma pequena casa, 410 crianças têm acesso à educação. Uma educação diferenciada. Psicólogos conhecem o histórico e acompanham o desempenho de cada aluno. As turmas passam quase o dia inteiro praticando atividades esportivas e culturais, como noções de quatro línguas, entre elas chinês e alemão. “Nós temos um entendimento das crianças e temos um tempo na sala de aula, que é feito em 12 momentos. Cada momento tem um tempo muito curto de aprendizado, que é de 15 a 20 minutos, de maneira que essa criança possa absorver esse conteúdo”, explica Yvonne Bezerra de Mello, fundadora do Projeto Uerê. Roselaine, de 16 anos, chegou ao projeto aos 3 anos de idade. Hoje, ela é estagiária em um hotel em Copacabana. “Eu era muito rebelde. Eu aprendi muita coisa no projeto, que é como se fosse a minha casa”, conta a jovem. Em maio, coordenadores pedagógicos das 150 escolas que ficam em áreas de risco vão fazer um curso de capacitação que terá como base o Projeto Uerê, no Complexo da Maré.


GESTORA EDUCACIONAL DIZ QUE TRAUMAS E VIOLÊNCIA DEIXAM MARCAS QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM

“Os traumas deixam marcas que dificultam o processo de aprendizagem. E também são áreas em que a própria criança toma a iniciativa de abandonar a escola”, ressaltou a secretária municipal de Educação.

DÁ PARA MUDAR O SISTEMA E OS RESULTADOS
“Sei ler, sei escrever, estou trabalhando em uma coisa que eu queria muito. Dá para mudar, pois eu mudei”, conclui Roselaine.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo para sempre.