JORNAL EXTRA
http://extra.globo.com/geral/casosdecidade/posts/2010/05/30/rio-contamina-populacao-ribeirinha-com-136-mil-habitantes-em-caxias-295845.asp
Davi, de 2 anos e 6 meses, morador da favela Dique 2, em Duque de Caxias, brincou de carrinho às margens do rio durante toda a manhã. Horas mais tarde, a criança teve febre. Em seguida, diarreia e vômitos. À noite, como acontece rotineiramente, o menino agoniou com falta de ar. A mãe iniciou o soro caseiro e o levou ao posto. Lá, o médico disse que pouco podia fazer. Daria o remédio, o pequeno ficaria bom, mas logo retornaria com o mesmo quadro. Davi é uma das 136 mil vítimas .
Geneci Socorro Santana luta para manter Davi e seus outros três filhos com saúde. — Vira e mexe, as crianças têm diarreia, feridinhas na pele e frieiras. A casa, depois da enchente de dezembro, está caindo e as paredes, mofadas. Davi tem muita falta de ar. Passo as madrugadas acordada com ele. É uma tristeza ver meu filho agoniando — disse Geneci.
Quem sofre na pele são as pessoas que moram naquelas margens por necessidade, por falta de opção.
Geneci ferve a água que traz em galões para as crianças beberem. Em dias de chuva, joga papelão e carpetes velhos no chão para tentar secar as poças e a lama. O ar pesado dentro da casa sem janelas é quase irrespirável.
Vizinha de Geneci, Lucitânea Custódio, de 24 anos, também vive às voltas com a saúde de seus dois filhos. As casas das duas famílias têm o Sarapuí à frente e uma vala atrás. E, assim como nos quase 36 quilômetros de extensão do rio, a água chega às torneiras de Geneci e Lucitânea por canos furados, sobre a lama.
— Isso não é rio. É um valão — disse Lucitânea, com tom de ressentimento. — Nasci e cresci aqui. E quando tem ressaca no mar ou chove forte, essa água invade o meu quintal. Em dezembro, inundou minha casa.
Ela trabalha na rampa de Gramacho, catando lixo. Mas isso, quando o Sarapuí deixa:
— As crianças têm muita febre, vômito, diarreia. Minha filha está doente. Vou levá-la ao posto e não fui trabalhar. Se não trabalho, não trago comida. Minha luta é diária para viver.
EXTRA / FLÁVIA JUNQUEIRA
Infância contaminada
Engatinhar às margens do Rio Sarapuí vira um pesadelo
http://extra.globo.com/geral/casosdecidade/posts/2010/05/31/engatinhar-as-margens-do-rio-sarapui-vira-um-pesadelo-295869.asp
Um momento que é aguardado com alegria pela maioria das mães, para as mulheres que vivem às margens do Rio Sarapuí soa como uma ameaça. Quando seus bebês começam a engatinhar e deixam o berço, termina o sossego. Elas já sabem que vão enfrentar toda a sorte de doenças. Com Davi, de 2 anos e 6 meses, não foi diferente. O andar, ainda sem firmeza, reflete uma tentativa da mãe de mantê-lo no colo ou sobre a cama, mas ela sabe que o contato com a lama e a água contaminadas de seu quintal, à beira do rio, na favela Dique 2, em Duque de Caxias, é inevitável. Foi assim também com seus outros três filhos.
— Minha casa fica encharcada com essa água. Aparece muito rato, lagarto, caramujo e, quando o rio enche, as cobras vem parar dentro de casa — contou Geneci Socorro Santana, de 38 anos. — É muita tristeza ver um filho engatinhar nesse lugar.
A apreensão da mãe de Davi tem fundamento. Exames feitos no Laboratório Sérgio Franco indicam que ele está infectado por vermes.
— Sem tratamento adequado, essa verminose pode levar à desnutrição, diarreias, obstrução intestinal e até mesmo interferir no desenvolvimento da criança — explicou o pediatra e gastroenterologista José Cesar Junqueira, professor da UFRJ que examinou Davi.
FOME OCULTA / DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM
Carne uma vez por mês
O menino, que come carne uma vez por mês, quando Geneci consegue uma faxina, e bebe leite diluído com farinha, está gordinho e baixinho.
— É a fome oculta. Pelo padrão, ele está abaixo da altura para o peso que tem. Faltam nutrientes e isso, nesta etapa da vida, afeta não só o crescimento, mas também a aprendizagem — disse Junqueira.
HEPATITE A
A hepatite A é outro fantasma para essas mães. Ivamar Lourenço, que mora em Catiri, diz que apenas a caçula de seus três filhos ainda não teve a doença. Levantamento feito pelo Laboratório Sérgio Franco mostra que, na unidade de Caxias, 70% dos resultados dos exames para a doença deram positivo em 2009.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo para sempre.
EXTRA / FLÁVIA JUNQUEIRA
Infância contaminada
Engatinhar às margens do Rio Sarapuí vira um pesadelo
http://extra.globo.com/geral/casosdecidade/posts/2010/05/31/engatinhar-as-margens-do-rio-sarapui-vira-um-pesadelo-295869.asp
Um momento que é aguardado com alegria pela maioria das mães, para as mulheres que vivem às margens do Rio Sarapuí soa como uma ameaça. Quando seus bebês começam a engatinhar e deixam o berço, termina o sossego. Elas já sabem que vão enfrentar toda a sorte de doenças. Com Davi, de 2 anos e 6 meses, não foi diferente. O andar, ainda sem firmeza, reflete uma tentativa da mãe de mantê-lo no colo ou sobre a cama, mas ela sabe que o contato com a lama e a água contaminadas de seu quintal, à beira do rio, na favela Dique 2, em Duque de Caxias, é inevitável. Foi assim também com seus outros três filhos.
— Minha casa fica encharcada com essa água. Aparece muito rato, lagarto, caramujo e, quando o rio enche, as cobras vem parar dentro de casa — contou Geneci Socorro Santana, de 38 anos. — É muita tristeza ver um filho engatinhar nesse lugar.
A apreensão da mãe de Davi tem fundamento. Exames feitos no Laboratório Sérgio Franco indicam que ele está infectado por vermes.
— Sem tratamento adequado, essa verminose pode levar à desnutrição, diarreias, obstrução intestinal e até mesmo interferir no desenvolvimento da criança — explicou o pediatra e gastroenterologista José Cesar Junqueira, professor da UFRJ que examinou Davi.
FOME OCULTA / DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM
Carne uma vez por mês
O menino, que come carne uma vez por mês, quando Geneci consegue uma faxina, e bebe leite diluído com farinha, está gordinho e baixinho.
— É a fome oculta. Pelo padrão, ele está abaixo da altura para o peso que tem. Faltam nutrientes e isso, nesta etapa da vida, afeta não só o crescimento, mas também a aprendizagem — disse Junqueira.
HEPATITE A
A hepatite A é outro fantasma para essas mães. Ivamar Lourenço, que mora em Catiri, diz que apenas a caçula de seus três filhos ainda não teve a doença. Levantamento feito pelo Laboratório Sérgio Franco mostra que, na unidade de Caxias, 70% dos resultados dos exames para a doença deram positivo em 2009.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo para sempre.
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