sábado, 2 de julho de 2005

Hospital da região de Belford Roxo Jorge Júlio Costa dos Santos - Pessoas com problemas graves de saúde tiveram que procurar outras unidades. Paciente hipertenso com risco de morrer ouviu essa resposta: “Vai para o Hospital da Posse porque não tem atendimento aqui”. Na emergência, também não havia atendimento. Quem conseguiu entrar voltou insatisfeito. Funcionários não são concursados. Contrato de trabalho foi modificado.


Em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, o principal hospital da região está praticamente parado. A equipe de reportagem do RJTV encontrou pessoas com problemas graves de saúde que tiveram que procurar outras unidades.

Na chegada ao hospital, desespero. Um paciente hipertenso chegou colocando sangue pela boca. Mesmo correndo o risco de morrer, foi essa a resposta que ele ouviu: “Vai para o Hospital da Posse porque não tem atendimento aqui”.

Na semana passada, seu Hortelino esteve no Hospital Municipal Jorge Júlio Costa dos Santos em busca atendimento. Mas, segundo ele, foi informado pelos funcionários que o caso não era urgente e que deveria voltar outro dia. Hoje, amparado pelo filho e pela nora, o aposentado, que é deficiente visual, insistiu.

“Sem salário, nem 13º, ninguém trabalha”, anunciou uma funcionária.

Sem atendimento, seu Hortelino, aos 81 anos, teve que voltar pela segunda vez para casa, com febre. “Já passou da falta de respeito. Isso é abusar da população”, reclamou.

Valquíria também não conseguiu que a mãe, de 78 anos, fosse atendida. “Sinceramente, não sei o que fazer. Acho que vou levá-la ao Hospital Salgado Filho, no Méier. Se fosse um caso de urgência, ela morreria”, concluiu.

Na emergência, também não havia atendimento. Quem conseguiu entrar voltou insatisfeito.

“O médico falou que não tem condições de atender porque está com problema de pagamento. Só se tiver morrendo”, contou uma paciente.

No hospital em Belford Roxo, trabalham 221 pessoas. Segundo o Ministério da Saúde, 93 são médicos. A unidade tem 39 leitos de emergência e 38 ambulatoriais. Os funcionários não concursados dizem que o contrato de trabalho foi modificado, e eles não receberam o 13º salário. Eles também informam que estão atendendo apenas casos urgentes.

“Nós simplesmente trabalhamos e não ganhamos. Ninguém tem uma posição para nos dar. Foi pago 1/12 para cada funcionário”, conta a técnica de enfermagem Patricia da Silva.

Marcleide levou as filhas Luana e Lohana, que estão com suspeita de dengue, mas também não conseguiu uma consulta. “É grave. Elas estão com febre direto. Eles não dão uma posição, não falam o que está acontecendo, se vão atender ou não”, reclama.

O secretario de saúde de Belford Roxo, Fábio Volnei, esteve no hospital no início da tarde e conversou com a equipe de reportagem do RJTV. Apesar de todas as situações citadas na reportagem, o secretário afirmou que não há problemas no atendimento. Sobre o 13º salário dos funcionários, ele disse que houve um problema na área de administração da prefeitura, e os funcionários devem preencher um requerimento.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Bom Pastor, que fica próximo ao hospital e serve como opção para quem não consegue ser atendido, o movimento quase dobrou em dezembro: de 400 para 700 pessoas. Os números são da Secretaria Estadual de Saúde.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo para sempre.