"Un gay no puede salir del armario completamente si no es haciendo mucho ruido". Lo dice el monseñor Krzysztof Charamsa, prelado católico y gay. Ahí es nada.
Posted by PlayGround on Sexta, 16 de outubro de 2015
Foto: Liane Aguiar BCC Brasil.
"A Igreja Católica é homofóbica, cheia de medo e ódio", disse o padre gay afastado pelo Vaticano.
Em entrevista à BBC Brasil, o padre polonês relatou o drama de viver a vida toda no armário, numa quase esquizofrenia de não aceitação de si mesmo. Você não pode imaginar o sentimento de culpa que um gay sente.
Sacerdote católico há 17 anos, o polonês Krysztof Charamsa, de 43 anos, causou alvoroço dentro e fora do Vaticano após se declarar homossexual e apresentar seu companheiro, o catalão Eduard Planas, em Roma.
O Padre anunciou ser um LGBT no dia 3/10/2015, véspera do início do Sínodo dos Bispos, reunião em que líderes da Igreja Católica discutiram até 24 de outubro, questões relacionadas à família.
O Padre acredita que um Sínodo que quer falar da família não pode excluir nenhum modelo familiar. Homossexuais, lésbicas e transexuais têm o direito ao amor e a construir famílias.
O Padre Charamsa também tornou público um "Manifesto" no qual pediu o fim da discriminação de pessoas homossexuais por parte da Igreja Católica.
Após o anúncio, o Padre Charamsa foi afastado do seu trabalho como funcionário da Congregação para a Doutrina da Fé (o antigo Santo Ofício, cuja função é promover e tutelar a doutrina da fé e da moral em todo o mundo católico), onde também era secretário-adjunto da Comissão Internacional Teológica. Além disso, foi demitido das Universidades Católicas em que dava aulas, em Roma.
Apesar das consequências imediatas, o Padre afirmou que se sente aliviado. "Sou um Padre gay e estou feliz em poder dizer isso abertamente", declarou nesta entrevista, concedida em um hotel em Badalona, perto de Barcelona, na Espanha.
BBC Brasil - Após anunciar sua homossexualidade, o senhor tem recebido demonstrações de apoio e críticas. Como vê a repercussão da sua declaração?
Padre Krysztof Charamsa - Por parte do Vaticano, a consequência foi automática. Perdi o meu trabalho na Congregação e nas universidades pontifícias. Por outro lado, tenho recebido palavras de conforto, apoio, gratidão e relatos de pessoas que se sentem identificadas e liberadas com o meu gesto. Admito que foi um gesto dramático, quase de desespero diante de uma igreja que considero homofóbica, cheia de medo e de ódio. Eu vivi o pesadelo da homofobia da minha igreja.
Charamsa com namorado; ele foi suspenso de seus cargos
(Foto: Alessandra Tarantino/AP)
BBC Brasil - Por que o senhor diz que a Igreja é homofóbica?
Charamsa - Porque ainda não é capaz de encarar a realidade, não deu o passo dado pela medicina e pelas leis de alguns Estados. Não há nada o que curar na homossexualidade, não é delito ser homossexual. Não se pode viver a vida no armário, numa quase esquizofrenia de não aceitação de si mesmo. Você não pode imaginar o sentimento de culpa de um gay crente! A mentalidade cristã fundiu em nós que ser homossexual é pecaminoso e diabólico.
BBC Brasil - Qual é o desafio da Igreja Católica para atrair esse coletivo?
Charamsa - A igreja não faz nada para atrair essas pessoas! Eu trabalhava na Congregação para a Doutrina da Fé, que preparou, de 1975 até hoje, quatro documentos sobre a homossexualidade em termos negativos, não à luz da ciência moderna. Os documentos dizem que todo desejo ou ato homossexual não é humano. Como se pode falar assim de uma grande comunidade que sempre existiu em cada época da história?
BBC Brasil - Quando o senhor decidiu que era o momento de dizer ao mundo que é gay?
Padre Charamsa - Sair do armário é um processo difícil e longo, mas hoje vejo o quanto foi necessário e salvífico para mim, me fez feliz, me fez forte. Ao tomar essa decisão, pensei também nas pessoas que por anos vivem em um armário de medo e de ódio.
Foto: Liane Aguiar / BBC Brasil
BBC Brasil - Por que resolveu fazer esse anúncio justo às vésperas do início do Sínodo dos Bispos?
Charamsa - Eu queria chamar a atenção da minha igreja que um Sínodo que quer falar da Família não pode excluir nenhum modelo familiar. Homossexuais, lésbicas e transexuais têm direito ao amor e a construir famílias. Mas até agora o assunto foi marginalizado e estigmatizado.
BBC Brasil - O sr. acredita que a Igreja Católica admitirá o sacerdócio sem celibato?
Padre Charamsa - Isso certamente acontecerá. Diferente da igreja latina, na oriental um padre pode escolher ser celibatário ou casado. Celibato não é uma verdade de fé, é uma disciplina, uma imposição. Vamos em direção a um celibato opcional, muito mais saudável.
BCC Brasil - No Brasil, o Congresso discute o Estatuto da Família, que delimita o conceito de família para homem, mulher e filhos. Até que ponto a igreja influencia discussões desse tipo?
Padre Charamsa - A igreja é uma autoridade mundial e em países latino-americanos sua influência é muito forte, mas pode ser fonte de profundo sofrimento. A igreja tem a ideia falsa de que homossexuais não podem formar família. Acredita que só buscam sexo. Isso é horrível. Não somos maníacos que buscam prazer sexual, somos humanos que buscam amor.
BBC Brasil - Nos últimos anos, a Igreja Católica no Brasil tem perdido fiéis para outras igrejas. Qual o desafio diante desse êxodo?
Charamsa - No Brasil, algumas comunidades evangélicas deram um passo importante para entender os homossexuais. Na Europa, entre anglicanos e evangélicos, já há um pensamento mais adequado sobre homossexualidade. A ética sexual necessita de uma profunnda revolução, adequada a uma nova consciência de humanidade e sexualidade.
BBC Brasil - O senhor disse que lhe emocionaram as palavras do papa Francisco, voltando de uma viagem ao Brasil, quando afirmou: "Quem sou eu para julgar um gay?". Por que lhe marcou?
Padre Charamsa - Estou muito agradecido ao papa Francisco, ele é um verdadeiro homem de Deus. As pessoas veem sua transparência, sua verdade, querem escutá-lo. O papa Francisco disse essa frase, mas na igreja há uma instrução de 2005 que julga todos os gays e contradiz suas palavras.
BBC Brasil - O senhor escreveu ao papa para explicar a declaração que faria. Acha que ele vai responder sua carta?
Padre Charamsa - Não sei. Mas comuniquei ao papa Francisco meu estado de ânimo, de alma, de coração. Pedi que a reunião de Bispos que ele preside possa discutir não somente a família heterossexual, mas todas as famílias.
BBC Brasil - Acha que a igreja vai proibi-lo de exercer o sacerdócio?
Padre Charamsa - Sim, é possível.
BBC Brasil - Que planos o senhor tem? Pensa ser ativista dos gays católicos?
Charamsa - Ainda não sei, mas penso servir os valores da minha vocação. Sou um padre chamado por Deus como homossexual. Quem viveu tanto tempo no armário precisa de uma palavra de aceitação, esperança, reconhecimento de sua dignidade. Esta é a mensagem do cristianismo: o que podemos dar a esse mundo senão o amor?
O Padre Charamsa disse que quem viveu tanto tempo no armário precisa de uma palavra de aceitação, esperança e reconhecimento de sua dignidade.
Liana Aguiar - De Barcelona para a BBC Brasil
G1
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/10/igreja-e-homofobica-cheia-de-medo-e-odio-diz-padre-gay-afastado-pelo-vaticano.html
Veja o vídeo de Sergio Fiúla sobre o Padre Charamsa e sua saída do armário
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
PARA SEMPRE SEJA LOUVADO
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