segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A MULHER TRANSEXUAL LARA LINCOLN FOI TRATADA COMO ATRAÇÃO DE CIRCO NA PROVA DO ENEM. A TODO MOMENTO ELA FOI TRATADA NO MASCULINO. Outra mulher transexual, Tifany Stacy, também foi tratada a todo tempo pelo nome masculino e teve negado o seu direito ao uso do banheiro feminino.

O DIA (Felipe Martins)
http://blogs.odia.ig.com.br/lgbt/2015/10/25/estudante-transexual-denuncia-desrespeito-ao-nome-social-no-enem-chamaram-de-nome-ficticio/

"Atração de circo". Assim a estudante transexual Lara Lincoln, 29 anos, descreveu como se sentiu ao fazer a prova do Enem neste sábado, 24/10/2015 no CIEP Ercília Antônia da Silva, em Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias.

A confusão começou quando ela assinou a lista de presença com o nome social e não com o nome que a constrange. Lara contou que a partir disso, começou um festival de situações constrangedoras com ações transfóbicas por parte dos fiscais de exame.

Ela relatou que em nenhum momento, antes da prova, os fiscais de prova alertaram que deveria ser o nome do registro na identidade a ser assinado na folha de inscritos. E, para piorar a situação, a situação começou quando a prova já havia se iniciado.

"Uma das fiscais da prova veio até a minha mesa 3 vezes com a prova em andamento. Primeiro, ela queria que eu assinasse a folha de presença do dia seguinte. Na última vez, ela disse: "MEU FILHO, você tem que assinar como no seu documento. NOME FICTÍCIO não pode. Fui exposta com esse absurdo. Uma atração de circo. Todos olhando pra mim", desabafou.

A estudante ainda não tomou posse dos seus documentos novos. (ela conseguiu na Justiça o direito ao uso do nome social nos documentos de identificação).

O embaraço foi ficando ainda maior porque Lara conseguia ouvir o que os fiscais conversavam entre eles. 

Ela contou que a todo momento era tratada no masculino. "Teve um momento que uma das fiscais chamou a coordenadora e disse: Temos um problema. Esse rapaz assinou a prova com o nome de Lara, mas a identidade está o nome de fulano", relatou. A estudante contou que a coordenadora deu continuidade ao desrespeito à identidade de gênero iniciada pelos fiscais. "Ela respondeu também me tratando no masculino: "Mas se o nome dele está como fulano na identidade, ele tem que assinar com o nome dele".

Indignada, ela teme que o epsódio tenha tirado a concentração para fazer a prova com tranquilidade e obter um resultado melhor no ENEM.

A estudante Lara Lincoln garantiu que realizou todo o processo de autorização para uso do nome social nos documentos do exame do ENEM.

A organização do exame não se manifestou sobre os problemas apontados pelas estudantes transexuais com os fiscais de prova.

A MULHER TRANS TIFANY STACY  TAMBÉM SOFREU CONSTRANGIMENTOS
A estudante Tifany Stacy contou que teve negado seu direito ao uso do nome social nos documentos do exame sem uma justificativa. "Eu mandei todos os documentos pela organização, preenchi o formulário, enviei a foto, tudo dentro do prazo. Recebi por e-mail apenas a resposta de que meu pedido foi negado, sem nenhuma explicação".

A estudante Tifany Stacy contou que teve negado também o direito ao uso do banheiro feminino. "Mesmo com o banheiro vazio, fui orientada pela fiscal a usar o banheiro para deficientes físicos". Isso foi uma violência.

"Tenho cabelo na cintura, prótese de 400 mililitros nos seios, 113 centímetros de bumbum e nenhum pelo no rosto. Vou ter que aumentar minha silhueta para ser reconhecida como mulher trans? Perguntei para a coordenadora se eu tenho alguma deficiência", relatou no sábado, pensando se teria de passar pelos mesmos problemas no domingo. "Amanhã (domingo) estarei aqui de novo, vou passar pelos mesmos problemas, frequentar banheiro de deficiente, ser tratado como ele e ainda vou ouvir chacotas?", questionou.

Na sala de provas, em uma Universidade na Zona Norte do Rio de Janeiro, ela foi tratada também o tempo todo pelo nome masculino, mesmo argumentando com os fiscais. "Lembrei a eles que existe uma portaria que me dá direito ao uso do nome social (um decreto assinado pelo então ministro da Educação, Fernando Haddad, assegura o direito ao nome social na administração pública direta e indireta), mas nem assim adiantou.

A organização não se manisfestou sobre os problemas apontados pelas estudantes com os fiscais de prova.

EXTRA
http://extra.globo.com/noticias/educacao/transexuais-relatam-discriminacao-durante-primeiro-dia-do-enem-17874492.html

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