sexta-feira, 3 de junho de 2016

Sacrifícios para quem?

TEXTO DE BERNARDO MELLO FRANCO
UOL


Na manhã de quarta, o professor Michel Temer deu mais uma lição sobre a necessidade de cortar gastos. "Aqui devo dizer aquilo que em momentos de dificuldades se diz: nós teremos sacrifícios", afirmou, em solenidade no Planalto.

Algumas horas depois, o governo interino indicou que nem todos serão sacrificados. A pedido de Temer, a Câmara aprovou um pacote de 14 projetos que cria mais de 11 mil cargos e aumenta salários de 38 carreiras do funcionalismo público.

A pauta-bomba engorda quem já ganha muito e institui penduricalhos inusitados, como uma gratificação por desempenho para gente que já se aposentou. No Judiciário, o reajuste chegará a 41%. O salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal subirá para R$ 39,3 mil, com efeito cascata sobre outras categorias.

A equipe econômica não fez uma projeção oficial do custo das benesses, cujo impacto será de ao menos R$ 58 bilhões até 2019. Na semana passada, o ministro Henrique Meirelles reclamou do rombo deixado pelo petismo e elevou a previsão do deficit público para R$ 170 bilhões.

Os projetos de reajuste foram enviados ao Congresso na gestão de Dilma Rousseff. Temer tinha a opção de engavetá-los, mas escolheu aprovar tudo a toque de caixa, sem maiores explicações ao contribuinte.

Aliados dizem que o cálculo do interino foi político, não econômico. Ele agradou o funcionalismo para tentar evitar greves e esvaziar novos protestos. De quebra, fez um afago no ministro Ricardo Lewandowski, que comandará a fase final do processo de impeachment no Senado.

O tucano Nelson Marchezan Jr. foi um dos raros deputados a protestar contra os aumentos. "O governo deu um péssimo sinal para o mercado e a sociedade. Nós afastamos uma presidente que gastou demais e agora estamos deixando o substituto a fazer o mesmo", critica. PSDB e PT votaram a favor dos reajustes. Ontem, Temer pediu uma salva de palmas ao Congresso pela aprovação do pacote.

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